segunda-feira, junho 23, 2008

MANIFESTO EM REPÚDIO À VIOLÊNCIA POLICIAL

CONTRA TRABALHADORES LIBERTÁRIOS NO 1º DE MAIO EM SÃO PAULO


Todos souberam! Na quinta-feira, 1º de Maio desse ano, Dia Mundial de Luta do Trabalhador, para lembrar os Mártires de Chicago, várias manifestações ocorreram em toda a cidade. São Paulo já convivia com essas manifestações há anos! Para algumas, ligadas as Centrais Sindicais Oficiais, os holofotes se acendiam, mas para as manifestações espontâneas e de grupos independentes a mídia se calou. Entre outras isso aconteceria também com a Manifestação chamada pela Federação Operária de São Paulo, a Confederação Operária Brasileira e a Associação Internacional dos Trabalhadores (FOSP/COB-AIT). Mas a própria truculência policial corrigiria essa omissão da imprensa. Algumas emissoras de rádio falaram do fato enquanto ocorria. Nos noticiários noturnos, em todas as emissoras, se divulgava: manifestantes entram em choque com a PM, mais de 50 detidos! No dia seguinte todos os jornais estampavam a notícia: PROTESTOS VIOLENTOS, CONFRONTO COM A PM, MAIS DE 50 DETIDOS, PUNKS EM CONFRONTO COM A PM, 14 MENORES DETIDOS, 5 MANIFESTANTES PROCESSADOS ? ENTRE ELES 2 MEMBROS DA COORDENAÇÃO ESTADUAL DA FOSP/COB-ACAT/AIT. Na maioria nas colunas policiais, tratando o fato como briga de gangs, assunto de polícia ? como têm tratado a questão social.



O que poucos souberam é que a Manifestação chamada pela FOSP/COB-ACAT/AIT, e que se tornou a manifestação do movimento libertário de São Paulo, é uma das genuínas tradições de São Paulo! A Desse ano começou nos bairros da periferia desde as 8 da manhã, com mini-comícios e panfletagens. De que a Manifestação se iniciou no centro da cidade a partir de uma Concentração na Ladeira da Memória/Rua Xavier de Toledo a partir das 11:00 hs, depois se dirigiu até as escadarias do Teatro Municipal, onde ficou realizando Comício e panfletagens até as 14:00 hs, quando saiu em Passeata, em direção a Praça da Sé, cruzando com a Passeata da CONLUTAS e da INTERSINDICAL na Praça do Patriarca, sem que houvesse atritos. Prosseguindo a Passeata até a Praça da Sé, onde realizou Comício e panfletagens até as 16:00 hs. Decidimos então retornar até a Praça da República, para onde seguiu em Passeata. Até então a Policia Militar (PM) acompanhava todas as movimentações, mas não houve atritos que justificasse qualquer ação da PM ? o próprio comando da PM atesta isso, após acompanhar a manifestação por mais de 4 horas!



Ao chegar no Viaduto do Chá, seguindo rumo a Praça da República, a passeata da FOSP cruzou com a passeata promovida pelo PCO e pelas Liga Operária e dos Camponeses Pobres, que seguia na mesma direção. Como a passeata da FOSP e do movimento libertário eram apartidárias, resolveram não seguir junto, para não haver confusão entre as duas manifestações. Durante a passagem da passeata do PCO/LO os manifestantes ligados a FOSP ficaram concentrados em frente a sede da Prefeitura. Houve uma discussão entre os manifestantes e troca de palavras-de-ordem, denunciando a ação dos partidos políticos no movimento social. A PM manteve um cordão separando os manifestantes de ambas manifestações, mas houve até certa confraternização. Após a passagem da passeata do PCO/LO a PM manteve um cordão de isolamento, não permitindo que os manifestantes libertários atravessassem o Viaduto do Chá, nem mesmo pela calçada! Numa tentativa de resolver o impasse os manifestantes libertários mudaram os planos e decidiram pegar um pequeno trecho da Rua Libero Badaró, descer a R. do Ouvidor e atravessar a Passarela sobre a Pça das Bandeiras, encerrando a Manifestação na Ladeira da Memória.



Porem mal a Passeata, então com cerca de 200 pessoas, percorre 100 metros a ROCAM (Tropa Motorizada) ataca por trás e pelos flancos ? inclusive subindo pelas calçadas e atropelando pessoas que passavam na rua. Em segundos, bombas de gás e uma violência selvagem dispersa os manifestantes. Meia hora depois a PM perseguia manifestantes na região da Praça da Sé, Praça do Patriarca e Praça das Bandeiras ? num raio de 300 metros. Como saldo dezenas de feridos, mais de 60 pessoas detidas e humilhadas e, se sabe agora, são 18 os processados por ter tido a audácia de ir às ruas se manifestar contra a exploração e o desemprego, que assolam o lar do trabalhador.



Não podemos permitir que, em pleno século XXI, os protestos sociais sejam tratados como caso de policia! As pesoas tiveram seus direiots básicos desrespeitados, espancadas, torturadas psicologicamente e ameaçadas por PMs que se indentificavam como skinheads. A manifestação foi falsamente configurada como conflito de gangs, deturpando seu objetivo. Somos trabalhadores, não bandidos! Exigimos nossos direitos. Temos o direito assegurado, pelas próprias leis do Estado, a manifestação e a livre expressão do pensamento. Se houveram excessos foram os da PM. Nenhum manifestante agrediu ou destruiu qualquer coisa, ou que merecesse uma intervenção da força policial.



- CONTRA A REPRESSÃO POLICIAL A MANIFESTAÇÃO DE 1º DE MAIO DA FOSP/COB-ACAT/AIT!

- PELO IMEDIATO ARQUIVAMENTO DO PROCESSO!

- PELA DEVOLUÇÃO DE TODAS AS FAIXAS, BANDEIRAS E MATERIAIS IRREGULARMENTE APREENDIDOS!

- PELA IMEDIATA ABSOVIÇÃO DE TODOS OS PROCESSADOS NESSE CASO!

- PELA LIBERDADE DE ORGANIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO E EXPRESSÃO!





Comitê de Solidariedade e Auto-Defesa Anti-Fascista/FOSP



(JÁ) Assinam em Apoio:

Federação Operária do Rio Grande do Sul (FORGS/COB-AIT), O COLETIVO LIBERTÁRIO, Coletivo Humanitudes, SOSDignidade, Associação dos Escritores Santamarenses (ASSESA), Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT-IWA)